Relatório Final Sobre Pesquisa dos Imigrantes Brasileiros nos Países Baixos

Objetivo do Projeto de Pesquisa

Pretendeu-se mapear quem são os brasileiros residentes na Holanda atualmente, tendo em vista descobrir as razões que os fizeram imigrar para esta região da Europa ao longo das últimas décadas e, ainda, descobrir como vivem. Em linhas gerais, este projeto, sendo parte de um projeto de pesquisa internacional mais amplo, visa traçar o perfil dos brasileiros que migraram para os Países Baixos servindo-se sobretudo da aplicação de questionários, bem como de entrevistas (survey) com alguns informantes-chave.



Características da Amostra

A amostra final contém um total de 526 formulários preenchidos, dos quais 478 são provenientes do formulário online (por volta de 91%) e 48 (9%) da distribuição feita no Consulado do Brasil em Amsterdã. Esta seção detalha as características demográficas dos participantes, como gênero, renda familiar e idade.



Quanto ao Gênero

No levantamento de dados já existentes, feito no pré-projeto de pesquisa, já havíamos notado a proeminência de migrantes de gênero feminino entre a população brasileira nos Países Baixos. O mesmo ocorre na nossa amostra, onde 72% dos participantes se identificaram com o sexo feminino. Há uma notável diferença de gênero entre os que responderam à pesquisa no consulado e os que se valeram do questionário on-line, como evidenciado na tabela abaixo.



Quanto à Renda

A maioria dos participantes da pesquisa têm uma renda familiar mensal bem elevada – tanto quando saíram do Brasil, como atualmente. Por exemplo, por volta de 60% dos participantes tinham uma renda mensal acima de R$ 4.000 quando saíram do Brasil. Enquanto as disparidades são menores no que diz respeito à renda mensal na Holanda, os participantes da pesquisa ainda assim tendem a ter uma renda mensal acima da média. 51% dos participantes têm uma renda média familiar mensal acima dos € 4.000, o que indica a sobre-representação na pesquisa de imigrantes brasileiros mais abastados.

Migração para a Holanda

A partir dos dados fornecidos, a maioria dos participantes da pesquisa migraram para a Holanda nos últimos 10 anos. Talvez essa não seja a realidade da população total, mas é o que representou a amostra pesquisada.

(Devido ao baixo número de participantes que migraram antes dos anos 2000, estes foram agrupados em uma mesma categoria – décadas de 70 a 90)



Razões para migração

A figura abaixo indica que a migração por motivos familiares é a razão mais comum dada pelos participantes. No entanto, isso pode ser um artefato da sobre-representação de mulheres na amostra. Este é o gráfico geral, mas mais à frente, as razões são subdivididas em outras variáveis, para ampliar essa análise.



Razões para Migração – por gênero

A desagregação dos dados por gênero nos permite notar na figura abaixo que brasileiras tendem a migrar por motivos familiares, mas homens migram mais por terem recebido uma proposta de emprego. Vale lembrar que muitas das mulheres brasileiras que acompanharam o marido podem ter respondido à pesquisa declarando a razão como familiar, e o marido pela razão de transferência de emprego.



Razões para Migração – por década

Desagregando as razões para migração por cada década, vemos também o aumento contínuo da proporção de brasileiros que se mudam para a Holanda por terem recebido uma proposta de emprego ou para estudar. Em contrapartida, migração por motivos familiares foi menos comum na década de 2010, se comparada às décadas anteriores.



Razões para Migração – Wordcloud

Participantes também tiveram a oportunidade de indicar a razão pela qual migraram para a Holanda através de uma pergunta aberta. A figura abaixo apresenta uma ‘nuvem’ das palavras que ocorreram com mais frequência dentro dessas respostas, com termos mais comuns no meio da nuvem. Por exemplo, nota-se a importância de motivos ligados à qualidade de vida e segurança pública, termos familiares (namorado, casamento, filho etc), e a propostas de trabalho. Esses dados condizem com a característica geral da amostra: entre homens, a maioria veio à Holanda por motivos profissionais. Entre mulheres, a migração acontece principalmente por questões familiares. Ambos grupos, no geral, têm renda alta, indicando o viés representativo da amostra. 

Conclusão

Apesar do limite da amostra estudada (526 formulários preenchidos), é possível perceber tendências que remetem à algumas conclusões baseadas nas respostas dadas:

- No geral, os dados pesquisados mostraram que entre os participantes a maioria migrou para a Holanda nos últimos 10 anos (mais de 60%);

- No geral das décadas (desde 1970), entre todas as enumeradas, a maior razão da migração foi por motivo familiar (mais de 30%);

- Entre os homens pesquisados, a maior razão da migração é por proposta de emprego, enquanto, entre as mulheres, predomina a razão familiar.

- Razões da migração difere entre as décadas: entre 1970 e 2009, a razão principal foi familiar e, a partir de 2010, a razão maior foi por proposta de emprego.

Essa pesquisa não visa esgotar o assunto, mas sim mostrar a tendência das razões da migração, dentro da amostra foco desta. Certamente que outras pesquisas mais amplas e usando outros meios de coleta de dados podem vir a ser realizadas futuramente.